Um ano após resgate, cão encontrado em maus-tratos no Paraná leva 'vida de bacana'
06/08/2025
(Foto: Reprodução) Antes e depois: Dobermann resgatado de maus-tratos leva 'vida de bacana' no PR
O cão Bono, que foi resgatado de maus-tratos em uma chácara na Grande Curitiba há um ano e quatro meses, se recuperou totalmente e leva uma vida feliz com a nova tutora, Jessica Tamara Alves Pina, que o adotou. Assista acima.
O pet, que é da raça Dobermann, foi encontrado junto a outros seis cães em abril de 2024, em uma chácara de Quatro Barras. Todos pertenciam, conforme a polícia, ao empresário José Lailton da Silva Rocha, de Curitiba, à época dono de um petshop.
Em 1º de agosto, a Justiça reconheceu o crime de maus-tratos e condenou José Lailton da Silva Rocha a mais de 14 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, pelos maus-tratos constatados. Ele poderá recorrer em liberdade após um pedido da defesa. Veja a nota abaixo.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 PR no WhatsApp
Segundo Jessica, tutora de Bono, o processo de recuperação do animal foi lento, mas ele deu a volta por cima. Hoje, o cão conta com um lar com carinho e muito mimo – Bono, inclusive, pôde conhecer a praia após ganhar a nova vida.
Imagens mostram que, quando foi encontrado, Bono e outros cães, da raça Galgo Italiano, estavam "pele e osso". A polícia informou na ocasião que os animais eram privados de comida e água. Além disso, corpos de cães que não resistiram ao abandono e falta de cuidados foram encontrados no local.
Bono foi resgatado de maus-tratos há um ano
Polícia Civil/Jessica Pina
"Quando a gente adotou o Bono, ele veio pra casa bem debilitado devido às condições em que foi encontrado. Ele tinha muito medo, não confiava nas pessoas, até alimentar ele era difícil. Foi um trabalho que exigiu bastante amor e carinho. Mas, hoje, ele tá super bem, tá recuperado, tá feliz, passeia. E com certeza o Bono me mostrou que recomeços são possíveis, que com afeto, carinho e paciência, qualquer história pode mudar," disse Jessica Tamara Alves Pina.
O resgate dos sete cães foi realizado pela polícia com auxílio do Instituto SOS 4 Patas, Organização Não Governamental (ONG) da Região Metropolitana de Curitiba. Os sete animais resgatados foram doados após tratados.
"A gente foi até o local acompanhado da delegacia, retirou todos os animais da situação, levou todos os animais para tratamento veterinário, fez todo o tratamento, e assim que eles estavam num quadro melhor, foi feita castração, vacinação e adoção de todos os animais. [...] A gente resgata, faz todo o tratamento e todos são encaminhados para adoção. Hoje, a gente está com 551 animais [cães, gatos, animais de grande porte, aves] e o instituto sobrevive apenas de doações", explicou a diretora Mariane Mazzon.
Nova tutora de Bono o levou para conhecer a praia
Jessica Pina
Leia também:
Tragédia: Universitária que morreu em acidente no PR voltava de premiação
Tarifaço: Fábrica do PR suspende produção e amplia férias coletivas para 720 funcionários
Veja locais: Rodovias federais no Paraná terão 16 novos radares em operação
Prisão e condenação
À época do crime, José Lailton chegou a ser preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva. Durante a investigação, ele foi solto com medidas cautelares.
Após denúncia do Ministério Público (MP-PR), o homem foi condenado 14 anos, 6 meses e 5 dias de prisão pela juíza Rita Borges de Area Leão Monteiro.
O MP argumentou, entre outros pontos, que os animais eram mantidos em um local onde havia condições precárias de higiene e saúde, além de terem sido encontrados indícios de que alguns deles estavam se alimentando do cadáver de outro cão.
Relembre:
Dono de petshop é preso por maus-tratos a animais em Curitiba
"É uma situação muito perversa, porque revelou uma seletividade do cuidado. Era uma pessoa que trabalhava em Curitiba com animais, dava banho em cães em petshop, mas os animais lá na chácara ele abandonou", explicou André Araújo, promotor de Justiça.
A defesa do empresário apresentou um habeas corpus e a desembargadora Priscilla Placha Sá decidiu, na última terça-feira (5), que ele pode recorrer em liberdade. A decisão considerou que, desde maio de 2024, o homem cumpriu com rigor as medidas cautelares que estavam impostas a ele.
José Lailton está proibido de prestar cuidados a animais ou mantê-los sob tutela; se ausentar de Quatro Barras por mais de sete dias sem autorização; obrigado a ficar em casa à noite, em dias de folga e finais de semana; além de ter que se apresentar mensalmente em juízo.
Para o delegado Guilherme Dias, que chefiou a operação que encontrou os animais em 2024, as evidências levantadas pela polícia na fase de inquérito contribuíram para a pena definida pela Justiça. Ele diz que a pena contra o réu foi uma das mais altas que já viu para o crime de maus-tratos.
"Essa é uma das maiores penas que nós já vimos em casos de maus-tratos a animais. Essa pena elevada é resultado de um trabalho de investigação que demonstrou uma prática de maus-tratos complexa, bem estruturada, que maltratava uma série de animais há uma longa data. A torpeza do interesse econômico, ou seja, animais tratados como objetos, como mercadorias, e tudo isso refletiu em uma condenação de 14 anos."
O que diz o condenado
Em nota, a defesa de José Lailton disse que "irá apresentar recurso de apelação, pois os fatos apresentados pelo Ministério Público não correspondem com a realidade fática". Disse, também, que irá "comprovar a inocência do acusado perante os tribunais".
Denúncias de maus-tratos aos animais no Paraná
Para denunciar maus-tratos, a população pode entrar em contato com a Polícia Civil pelo telefone 181. A Guarda Municipal também pode ser acionada pelo 153.
Segundo a Polícia Civil, as denúncias devem ser responsáveis e conter o máximo de detalhes possíveis. Fotos e vídeos podem auxiliar.
VÍDEOS: mais assistidos do g1 Paraná
Leia mais notícias do estado no g1 Paraná.
.jpg)
