Homem registra em cartório doação do próprio corpo para pesquisas de universidade do Paraná: 'Posso ajudar depois de morto'

  • 01/09/2025
(Foto: Reprodução)
Homem registra em cartório doação do próprio corpo para pesquisas na UEM Foi a vontade de incentivar a pesquisa que encorajou o técnico de enfermagem aposentado Aparecido Rúbio de Araújo, morador de Paiçandu, no norte do Paraná, a registrar em cartório o interesse em doar o próprio corpo para que ele seja usado para estudos científicos na Universidade Estadual de Maringá (UEM), na mesma região do estado. O desejo surgiu durante uma aula de ciências, quando Aparecido tinha 14 anos. Hoje, ele tem 64. "Estava dissecando um sapo e algumas baratas. Conversando com o professor, ele explicando da finalidade, da dissecação... Perguntei para ele sobre o ser humano, como que eram feitos os trabalhos. Ele foi comentando comigo, só que fui perguntando para ele como faria para ser um uma pessoa para ser estudada", lembra. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Maringá no WhatsApp Os anos se passaram e a vontade continuou a mesma, porém, até então, não existia uma forma legal para oficializar a doação. Foi em 2000 que Aparecido conseguiu registrar em cartório o desejo. Ele informou também à própria família, como exige o protocolo. "Se é uma decisão dele, eu simplesmente tenho que respeitar. O seu amanhã só a Deus pertence. Se é para estudar, para ajudar, eu acho interessante. É diferente? É, mas a gente entende", afirma a esposa dele, Silvana Rúbio. Aparecido segurando o documento registrado em cartório para doação do corpo. Reprodução/RPC Maringá Na mesma época, quando tinha 39 anos, Aparecido sofreu o primeiro de uma série de 13 infartos. Depois, teve dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e ficou dois meses em coma profundo. Quando morrer, o histórico de prontuários e exames médicos serão entregues à universidade. "Para que ser enterrado se eu posso ajudar depois de morto?", ele considera. O número de pessoas que registram o interesse de doar o próprio corpo para a ciência aumentou no Brasil. Em 2017, eram aproximadamente mil pessoas. Em 2024, o número ultrapassou os três mil doadores. Leia abaixo os detalhes sobre o processo de doação. As doações são posicionadas em uma fila e as instituições são atendidas à medida que corpos ficam disponíveis. Atualmente, no Paraná, 40 instituições aguardam por doações. 'Enorme diferença' Para Aline Marosti, professora de anatomia da UEM, o gesto é de extrema importância para a ciência e para os estudantes. "Isso faz uma enorme diferença na formação do aluno. Só aprender por peças sintéticas ou arquivos em 3D não é suficiente para a gente formar um bom profissional mais para frente. Por isso que é importante a doação", reforça. Depois que um corpo é doado para a instituição de ensino, ele passa por um processo de preparação que pode durar mais de seis meses. A dissecação é feita pelos próprios estudantes de medicina, ainda no primeiro ano do curso. Leia também: Curiosidade: Antes de conquistar o Brasil com 'Chaves', Chespirito fez visita única ao país no Paraná e não voltou mais Casal investigado: Desvio de R$ 1 milhão em empresa é descoberto após funcionária ostentar compras nas redes sociais Abandono: Agente de saúde percebe que idosa parou de ir a consultas, vai até a casa dela e descobre situação de maus-tratos Como funciona a doação de corpos para a ciência? As doações do corpo em vida, ou pós-morte, são regulamentadas por lei desde 1992. Um artigo do Código Civil Brasileiro prevê a doação gratuita e voluntária do corpo após a morte com o objetivo científico. O processo pode ser feito em vida por pessoas com mais de 18 anos, desde que seja registrado em cartório. É indispensável também que os familiares estejam cientes da intenção do doador. Se não há registro feito pela pessoa em vida, a família pode também tomar a iniciativa. Doação de cadáver colabora para os estudos das universidades. SETI-PR Os corpos que não foram identificados, ou aqueles identificados e não reclamados pela família após 30 dias, também podem ser doados para fins de estudos. No Paraná, o Conselho Estadual de Distribuição de Cadáveres do Paraná (CEDC-PR) é responsável pela distribuição de corpos, que são destinados às Instituições de Ensino Superior para estudos e pesquisas. Veja perguntas e respostas sobre a doação de corpo para a ciência 1. Tenho interesse em doar o meu corpo para a ciência, o que devo fazer? A doação pode ser feita em vida, desde que a pessoa seja maior de 18 anos e que tenha discutido o assunto com os familiares. O doador deve ir a um cartório, com duas testemunhas, munidas dos documentos pessoais, para fazer uma declaração, denominada Termo de Intenção ou escritura pública, na qual deve constar que quer fazer a doação do corpo para fins de estudo e pesquisa. Antes, questione o cartório se o local realiza esse tipo de registro. Confira um modelo do termo de intenção de doação de corpo 2. Quando não é permitida a doação do corpo? ​​O corpo não poderá ser doado quando o óbito resulta de morte violenta ou de suicídio. 3. Doadores de órgãos podem doar o corpo para a ciência? Segundo o CEDC-PR, em geral, sim. A doação de órgãos para transplante não impede a doação do corpo, mas depende da verificação de viabilidade pelos envolvidos na doação e no transplante. Cada caso deve ser analisado individualmente. 4. Se doar meu corpo para a ciência, posso ter um velório? Sim. A família pode fazer as homenagens e o velório normalmente. No momento da morte, a família contata o Conselho Estadual de Distribuição de Cadáveres do Paraná ou a Instituição de Ensino Superior receptora para que seja providenciado o translado do corpo após o velório. VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Paraná.

FONTE: https://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2025/09/01/homem-registra-em-cartorio-doacao-do-proprio-corpo-para-pesquisas-de-universidade-do-parana-posso-ajudar-depois-de-morto.ghtml


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