Criança que morreu após ser picada por escorpião no PR passou por três hospitais até receber tratamento, diz família
17/07/2025
(Foto: Reprodução) Bernardo tinha 3 anos e morava em Cambará.
Cedidas pela família
Bernardo Gomes de Oliveira, que morreu após levar uma picada de um escorpião-amarelo, precisou passar por três hospitais até conseguir acesso ao tratamento necessário. A criança, entretanto, morreu após sofrer 33 paradas cardíacas, segundo a família.
O caso aconteceu em Cambará, no norte do Paraná, quando a criança calçava o tênis para ir à casa da avó.
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O primeiro local em que a criança deu entrada foi o Hospital Municipal de Cambará às 8h45, no domingo (13) – horário confirmado por Ronaldo Guardiano, secretário municipal de Saúde.
A mãe, Bianca Gomes, e o pai, Márcio Oliveira, relataram que, segundo relato da equipe médica, o local não tinha soro antiescorpiônico, indicado para casos como o de Bernardo. Por isso, ele foi transferido, às 10h17, para a Santa Casa de Jacarezinho, a 20 quilômetros de distância.
Na cidade vizinha, porém, a família disse ter sido informada que não havia a quantidade total de antídoto necessário para o quadro da criança.
Bernardo foi, então, levado de helicóptero ao HU de Londrina, onde foi atendido e medicado. A mãe foi comunicada pela equipe médica que a chegada do filho aconteceu depois das 16h, oito horas após o acidente. A criança teve a morte confirmada na segunda-feira (14), na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
Pais de menino que morreu após picada de escorpião conversam com a RPC
A assessoria do HU informou que Bernardo "passou por todas as condutas que a equipe avaliou necessárias", mas não deu detalhes sobre o estado de saúde da criança no momento de entrada.
Ao g1, o presidente da Santa Casa de Jacarezinho, Karol Woytilla, disse que foram ministradas cinco ampolas de antiveneno em Bernardo. O número está dentro da orientação do Ministério da Saúde, que recomenda de quatro a seis para casos graves como o da criança. Ele garante que tentaram conseguir uma sexta ampola, mas não tiveram retorno.
O secretário de Saúde de Cambará informou à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, que foi orientado pela 19ª Regional de Saúde, no dia 26 de junho, que a distribuição de soros contra picadas de animais venenosos é feita somente para hospitais referência.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde do Paraná (SESA-PR) afirmou que está investigando o caso, porque "quando é registrado um caso que necessite do insumo [soro], o município deve acionar a Regional de Saúde para atendimento imediato".
"Nesse caso específico a 19ª Regional de Saúde de Jacarezinho não foi acionada pelo Hospital Municipal de Cambará e nem pela Santa Casa de Jacarezinho. A sede da regional fica a apenas 20 minutos de carro do hospital de Cambará", diz a nota.
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Como foi o acidente, segundo a família
A morte de Bernardo foi confirmada na segunda-feira (14).
Cedidas pela família
Os pais da criança explicaram que o acidente aconteceu na manhã de domingo, quando a família estava se preparando para ir à casa da avó do menino.
Sozinho, Bernardo pegou para calçar o par de sapatos que estava secando em uma mureta enquanto esperava o pai pegar as roupas.
"Ele [Bernardo] era uma criança muito esperta. Ele foi procurar o sapatinho dele que estava lá fora, que a minha esposa tinha lavado. Daí, ele pegou e vestiu um e veio mostrar pra mim. Pegou o outro e vestiu. Nesse outro estava o escorpião", explicou o pai.
Em seguida, o menino saiu correndo e gritando por conta da dor. O animal foi encontrado, depois, embaixo de um tapete dentro da casa.
O bairro em que a família mora, segundo os pais, é novo e possui diversos terrenos vazios. Nesta quinta-feira (17), a SESA-PR divulgou que "notificou o município para remoção e limpeza imediata destes locais".
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